O fantasma da crise de audiência que assusta a TV aberta pode ser exorcizado com tecnologia. Com o surgimento de novas plataformas, as emissoras planejam ações que envolvem estas novas mídias. No segundo semestre, a Record lança na internet um novo portal que deve valorizar a interatividade com os telespectadores e dividir conteúdo com a televisão. Na Globo, como a internet não é novidade, todas as expectativas estão em cima do que a empresa acredita ser a grande surpresa dos próximos anos: o celular. “No Japão, existem mais de 50 milhões de usuários com aparelhos que captam canais abertos. O Brasil pode chegar a esse número dentro dos próximos cinco anos”, prevê Octávio Florisbal, diretor geral da emissora.
O Brasil já comercializa aparelhos que captam tanto o sinal analógico quanto o digital da TV aberta. Por conta disso, alguns diretores pensam em formatos para determinados programas que favoreçam a exibição de seus produtos nesses receptores. Mas os planos de investimentos não se resumem apenas a melhorar a qualidade de exibição da TV no telefone. A Globo, por exemplo, trabalha em cima de protótipos de telejornais feitos exclusivamente para clientes de operadoras de celular. “Na verdade, tratam-se de sínteses dos nossos próprios telejornais, para quem não pôde assistir. Pensamos em oito edições normais ao longo do dia e algumas especiais, dependendo da necessidade”, adianta Manoel Martins, diretor geral de entretenimento da emissora.
Apostar em internet não chega a ser uma novidade ou ousadia. Mas os números mostram que o investimento vale a pena. Uma pesquisa feita pela Globo aponta que 12 milhões de domicílios contam com banda larga no Brasil. Isso representa quase 22% do número total de residências com TV aberta, que segundo a emissora gira em torno de 55 milhões. A maioria delas, provavelmente, contando com as duas possibilidades. Ou seja: uma pode incentivar o aumento de audiência - ou, no caso da internet, acessos - da outra. “Você praticamente só vê na internet repetição de programas. As pessoas ainda não descobriram a melhor forma de trocar informações entre a TV e o computador”, atesta Lorena Calábria, apresentadora do Dia Dia, da Band.
Lilian Witte Fibe já se aventurou na grande rede. A então âncora do Jornal da Globo deixou a TV aberta em 2000 para apresentar um telejornal online, no Portal Terra. “Eu estava atrás de novidades”, resume. Lorena também apresentou um programa de entrevistas exibido na internet. Mas o curioso é que o Bate-Papo Digital era transmitido online ao vivo e, depois, editado para o canal Multishow. “O mais bacana nisso é a resposta imediata que você tem. A interatividade é uma espécie de termômetro para quem está na frente das câmaras”, lembra.
Para Lilian, a interatividade é um dos segredos para conquistar o público do século XXI, que ela classifica como “antenado” e “logado”. “As pessoas não leem mais jornal na praia. Elas querem se sentir dentro, participando. E a internet possibilita isso”, opina. “Muito antes das emissoras noticiarem o pouso emergencial de um avião em um rio, vários sites deram com fotos e vídeos enviados por internautas.”
Por Márcio Maio ,TV Press - Tribuna de Minas 26/04/2009
domingo, 26 de abril de 2009
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